Saturday, December 18, 2021

Sotaques

Os sotaques são lindos, e evocam as suas culturas históricas ou geográficas ricas e autênticas.

Digo o mesmo dos exóticos crioulos tropicais, como para as nossas regiões insulares ou a pronúncia do norte que as elites procuram disfarçar quando descem à capital. Desde Machado de Assis a Cesária Évora, de Sérgio Godinho a Mia Couto, as vozes e a escrita foram feitas para voar à solta ao sabor da expressão de cada um.

Mas depois há a gramática de referência, que na escrita formal não inclui “Tásse bem”, “Oxenti”, “Bacas” a lavrar o campo ou a lavrar actas. Eu gosto de uma gramática descritiva, e prefiro escrever País Basco sem ignorar que teimo face ao correcto porque posso e nada me proíbe. Talvez se todos mudarmos a gramática também mude. E há tantos termos noutros idiomas que só ditos assim funcionam, como os flirts apaixonados ou as movidas urbanas que são o zeitgeist do nosso mundo cada vez maior.

Embora eu prefira que se usem as expressões lusas e incomoda-me ouvir os miúdos a escreverem brunch em vez de pequeno almoço ou bowl de muesli em vez de mata bicho, compreendo que as coisas vão mudando aos poucos. Mas enquanto der para nos compreendermos, Lasai... como eu diria na terra dela e agora digo na nossa  : ) 

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