Saturday, July 01, 2023

Design 90

Eu não o sabia, mas quando comecei a estudar design em 1990 a disciplina estava a meio de um pequeno apocalipse. O computador veio alterar totalmente a área a todos os níveis. Alterou o modo como se projectava, e como se faziam maquetes. Mudou o modo como se usava a tipografia e as imagens. Permitiu a designers individuais executarem trabalhos que áte aí só se podiam fazer em grandes estruturas. Arruinou modos tradicionais de produção, obrigando a reformulações dramáticas.

Muito ouvi, eu e os meus colegas, sobre os facilitismos do photoshop. O digital era o «fim da imprensa». As pessoas iam deixar de conseguir projectar. Alguns colegas proibiam o uso de computadores aos alunos. Nas Belas Artes só a partir do quarto ano é que se consideravam os alunos maduros o suficiente para aceder às “máquinas”.

Hoje, tudo isto é história remota. O mundo não acabou. As novas tecnologias tornaram-se dominantes, mas o design tornou-se clássico em resposta. Do design experimental da década de 90 saíram duas décadas de tradicionalismo ortodoxo sustentado em tecnologias digitais. Revivals de fontes atrás de fontes. Paginação inclusive de sites feitos pelas regras do Tschichold ou do Bringhurst. Coleccionismo de artefactos comprados no eBay. Prensa tradicional, remendada com impressão 3D. Recuperação de copiadoras de escritório vintage compradas online.

By Mário Moura

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