Marinho
Era uma vez um menino que nasceu cego para as coisas da terra. Só via o mar e o que nele havia. Sabia caminhos nas águas, carreirinhos. Dava nome às ondas, de uma em uma. Dizia: a luz nasce no mar e não dos astros. A claridade lhe chegava do azul, ainda molhada.
O pai parecia nem dar conta da estranheza de seu filho. Aceitava. Mesmo decidira puxar a cabana mais para junto da rebentação. Prendas que o miúdo lhe trazia: conchas, búzios, brilhos da maresia.
Mia Couto in Cronicando.
O pai parecia nem dar conta da estranheza de seu filho. Aceitava. Mesmo decidira puxar a cabana mais para junto da rebentação. Prendas que o miúdo lhe trazia: conchas, búzios, brilhos da maresia.
Mia Couto in Cronicando.
1 Comments:
Olá, não sabes o quanto que lutei na internet para achar este conto do Mia Couto. Vi uma vez num documentário (Além-mar) narrado por Maria Bethania.
Mas lá, só dizia que era um texto do Mia Couto, sem indicar nome do conto ou livro...
Maravilha, e muito obrigado!!!
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