Tuesday, January 10, 2006

Evolucionar

Percalços e Influências
Um grande opositor de David Carson no design foi Paul Rand, criador do logotipo da IBM, entre outros projetos de notável relevância. Rand, falecido em 1996, chegou a cortar relações com um amigo que convidou Carson para uma conferência.
“Para mim, essas provocações nunca fizeram grande diferença. Os contemporâneos de Rand, modernistas, ou seja lá o que for, proclamam o uso de grelhas e sistemas para obter um design de boa qualidade, uniforme. Para eles, eu sou o cara que jogou tudo isso fora, dizem que meu trabalho não transmite nada. Mas se causou raiva neles, já é um bom começo”, diz, entre risadas. “Fiz o que tive vontade e tenho prazer no que faço, até hoje”.
Alexandre Wollner, um dos cânones do design brasileiro, questiona: “a falsa iniciativa foi de transpor a cultura MTV para o visual gráfico, linguagem discutível inclusive para mídia televisiva. Você pode usar a tipografia como material ilustrativo e esculhambá-lo, mas se não serve para ler, então para que serve?”

Carson acha difícil que aconteça um segundo “boom” no design, como o que ele mesmo detonou, há vinte anos. Atribui à globalização e o surgimento de novas mídias uma quase impossibilidade de não repetir o que já foi feito no meio impresso. É esse o tema de um dos seus livros, “The End of Print”, cujo título foi tirado de uma conversa com Neville Brody, que comentou: “O que poderia ser feito com a impressão nós já fizemos de todas as formas. É hora de migrar para outra mídia, o que mais podemos fazer?”.

Desde os seus primeiros trabalho, passaram-se mais de 20 anos, nos quais enfileiraram -se oportunidades acompanhadas de muita sorte: o estilo do norte-americano era uma releitura do caótico trazido pelo movimento Merz, que teve como expoentes construtivistas como Schwitters e Lissitsky. A plataforma Macintosh veio se afirmando como a ferramenta ideal para o design, além do advento do postscript, que acabou com as limitações dos bitmaps e formas digitais e o estilo grunge afirmando-se como forma de expressão musical para uma geração.

Tudo leva a crer que o mundo precisa de mais manifestações regionais (e originais) de design. Não significa que o impacto de páginas como as da “Beach Culture” ou da “RayGun” deva ser exorcizado das fontes de inspiração: a criação, mais do que nunca, tende a ser orientada por citações como a de que “não é possível ser neutro” –essa é apenas uma das frases de Marshall McLuhan, contidas no próximo livro de Carson, “The Book of Probes”. Inspire-se.

in Design Gráfico

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