Vai a vida

Até descobrir o milagre de que tudo o que soa é música, incluídos os pratos e talheres no lava-loiças, sempre que criem a ilusão de nos indicar por onde vai a vida.
Gabriel García Márques, in Vivir para contarla.

Dois discos

"No México, enquanto escrevia Cem Anos de Solidão, só tive dois discos que se gastaram de tanto serem ouvidos: os Prelúdios de Debussy e A Hard day's night dos Beatles. Mais tarde, por fim tive em Barcelona quase tantos como sempre quis."

Este apontamento de Gabito fez-me reflectir no local onde escolhi viver. Adorei o México, e muitos outros sítios me pareceram lindos o suficiente para viver feliz. Mas conjugar beleza, cultura, pessoas e águas... acho que tive sorte.

Integração

Gostei de alguns comentários de Berlinenses sobre os problemas de emigração vão surgindo pela Europa em geral. A questão não é tanto de Emigração mas de Integração.

Quando se visita, ou se vem viver para uma terra nova devemos respeitar os seus costumes e tradições. Se eu fôr a um país islâmico não devo impor a mão esquerda, da mesma forma que se fôr a uma igreja devo falar baixinho. Se vierem a minha casa também peço que respeitem os meus costumes. Se não estiverem interessados em fazê-lo podem sempre ficar lá fora. Nos países devia ser igual.

Águas

Em certos parques naturais de África, contaram que os animais se aproximam dos ribeiros ao fim do dia, mesmo que já estejam saciados de água e alimento, pelos seus tratadores. Nós, como eles, sentimo-nos felizes ao pé da água, ainda que tenhamos esquecido porquê.
Paulo Moura, no repórter à solta.

Ou o Mundo

Ou o Mundo se brasilifica, ou vira nazista.
Caetano Veloso e Jorge Mautner.

Apesar de ser apenas uma canção, veio-me a propósito da candidatura do Brasil a membro permanente do Conselho Geral das Nações Unidas. Acho bem, é uma grande parte do mundo que fica por representar sem a presença do Brasil.

Os melhores

Todo o país é o melhor do mundo em algo. Portugal, por exemplo, é o principal exportador de cortiça do mundo. E que tal vermos em que se destacam os restantes países? Com resultados muito curiosos.
Information is beatiful, através do Design e a Ergonomia.

Bardolatría

Se a poesia não serve para acelerar-me o sangue, para abrir-me de repente janelas sobre o misterioso, para ajudar-me a descobrir o mundo, para acompanhar este desolado coração na solidão e no amor, na festa e no desamor, para que me serve a poesia?
"Un caso de bardolatría", Eduardo Carranza.

Biblioteca de Zipaquirá

A indiscritível biblioteca do Liceo Nacional de Zipaquirá, feita com desperdícios de outras menos úteis: colecções oficiais, heranças de professores desiludidos, livros insuspeitados que confluíam ali vindos quem sabe de que saldos de naufrágios.
Gabriel Garcia Marques, in Vivir para contarla.

Intelectual

Portugal é um país em que a palavra “intelectual” pode servir de insulto.
João Lopes, com toda a razão.

Lope

Lope, de Andrucha Waddington.
Não é pelo filme, que nunca vi e apenas sei que participa no Festival de Toronto. Mas são os telhados, a velha e carismática Europa do sul.

Demais

Por vezes sinto-me um exilado na minha própria pátria.
Como já me senti lá fora. Por vezes, olho para os meus conterrâneos e embaraçado-me. Noutras sinto-me em sintonia com todos e ainda me incomodo mais. Não posso evitá-lo, sou de cá. Mas por vezes somos demais.

O Terceiro

Entre dois caminhos, escolhe sempre o terceiro.
Lembra Carlos Fiolhais à Pública.

Cultura turística

João dos Santos, no seu texto "Tarde de Agosto" de 1965, fala do interesse muito marcado do turista por certas formas de cultura a que poderíamos chamar "turísticas": a pintura, de museus, a arquitectura, de monumentos, e os night clubs especializados. Tudo fenómenos para que se está normalmente "absolutamente nas tintas", mas pelos quais sofre uma "atracção incoercível e aguda, mas de curta duração" ao passar a fronteira pátria.

João dos Santos, por Joaquim Caetano.

Povo

POVO, exposição no Museu da Electricidade.

Derivas

Gostei particularmente da equipa portuguesa, organizada, personalizada com um modelo de jogo definido.

Temos excelentes jogadores, mas dirigentes miseráveis.
Destruir a estrutura da selecção nacional só porque não fomos campeões do mundo, é estar ao nível do adepto mais insano que só sabe olhar para o placard dos resultados. E num barco sem capitão, com cada um a remar para o seu lado, só se pode andar à deriva.
Mas foi um grande jogo.

Zero

Zero golos, zero pontos.
Proposta de pontuação para os jogos de futebol: Vitória, três pontos; Empate com golos, um ponto; Empate sem golos, zero pontos; Derrota, zero pontos. Deste modo acaba-se o futebol defensivo, pois em algum momento terá que haver um golo. E mesmo que posteriormente resulte num empate, sempre premeia alguma ofensividade. Desta forma não adianta mesmo jogar para o zero, pois aí não há quaisquer pontos a ganhar, seja na derrota seja no empate. Só vejo vantagens.

Menos de cem

Ao longo de todas as férias de Verão, só por uma vez ultrapassei os 100 Km/h. Em tudo o mais, tudo muito tranquilo com muita areia e algum alcatrão. E muita água.

Não sei se foi mérito meu ou desmérito do carro, mas assim foi.

In Pt

Summer in Pt on the road.

Caminhos urbanos

No Saldanha só encontramos alguma tranquilidade uma vez dentro dos centros comerciais, dentro de qualquer gabinete particular ou dentro de casa. O caminho para lá chegar não é fácil. É minado por passadeiras quase invisíveis, colocadas em locais incongruentes, com tempos de atravessamento demasiado curtos, dificultado por mobiliário urbano que ocupa os passeios reduzidos, ameaçado constantemente por condutores que circulam a velocidades criminosa.

Hélène Frétigné descrevendo a zona do Saldanha.
Arrisco-me a dizer que todo Portugal é incongruente para qualquer peão que tente percorrer os caminhos da sua cidade. Todas as nossas cidades estão feitas para os automóveis - e mal.

OSGEMEOS

OSGEMEOS no Berardo, entre outras coisas. Valeu!