Friday, April 27, 2007

Agora

se é um bom filme ou não? depende do que queremos da vida.

Cannes dois mil e sete



No topo está o cineasta do Mali, Souleyman Cissé; na zona central do cartaz surgem a espanhola Penélope Cruz, o chinês Wang Kar-wai e dois franceses, Juliette Binoche e Gérard Depardieu, tendo entre eles a neozelandesa Jane Campion; na linha de baixo estão dois americanos, Bruce Willis e Samuel L. Kackson, e o espanhol Pedro Almodóvar.


no sound + vision

Velhos tempos

Um amigo, ao comprar o bilhete para o filme "O Bom Alemão" foi avisado que o mesmo era a preto e branco.

Monday, April 23, 2007

O Império de Dentro

Um filme também pode (deve) ser arte, no sentido de questionar e levar mais longe a nossa cultura. Nesse sentido Inland Empire de David Lynch é um filme muito interessante, não só por ser todo gravado em digital, o que apresenta uma nova estética no cinema, como também pela sua estrutura narrativa nada linear, como é costume em David. Aliás, julgo que Lynch vai mais longe do que a relação Linear/Não-Linear, com uma estrutura que funciona também em profundidade, com filmes dentro de filmes e até pessoas dentro de pessoas.

O tema, mais uma vez é o cinema e o seu reflexo na psique humana. Aquilo que geralmente tomamos como vida, com a sua estrutura totalmente linear, não é para aqui chamada. Isto é mais do que a vida - é Cinema. Quanto às histórias em Inland Empire cada cabeça, cada sentença. O caleidoscópio de imagens mostra-nos mais do que um lado sem que saibamos qual o reflexo original. E isso é importante? Não nos basta apenas apreciarmos o que vemos?
Agora, se é um bom filme ou não? depende do que queremos da vida.

Friday, April 20, 2007

a poesia, lentamente...

A história é lindíssima. eu acho.
"Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção.
Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.

A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós."

A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal "Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.
a partir do Jornal de Notícias

Thursday, April 19, 2007

o


por Nuno Lacerda

Just like the Films

A vida podia ser como nos filmes, onde quando estamos tristes é sempre por alguma razão.

Por Outro Lado

O Por Outro Lado acabou.
Ou melhor, foi acabado. E nós do lado de cá o que fazemos? orfãos da qualidade, sem as excelentes entrevistas, sem aquele cenário, sem o tom bom... O que eu mais gostava era o encontrar O Outro Lado sem querer, durante um zapping e demorar...

Wednesday, April 18, 2007

O sabor das Cerejas

Hoje, ao abrir um doce de cereja fiquei com a sensação de... Já?

Ao contrário dos outros alimentos, a fruta funciona para mim como as estações do ano. Adoro a altura em que começam a existir morangos, são os primeiros dias quentes. Quando estes já estão consolidados surgem as cerejas (e só aí, não antes). Mas quando o Verão se instala, predominam meloas, melões e melancias... quando tudo é bom. Melhor, só quando surgem papaias, mangas, bananas e outras... significam o estado de viagem a um qualquer trópico distante. As bananas duram o ano todo, mas nunca perdem a sua matriz original de pão tropical.
Depois, progressivamente vão surgindo as uvas, as castanhas, até já só existirem peras e maçãs. Ao chegarmos ao Natal temos os frutos secos e as frutas de cristal. Pelo inverno a dentro só existem dois frutos sérios, a laranja e o cacao na sua forma mais viciosa: o chocolate. E depois recomeça tudo de novo.

Lá em cima


O céu é a ligação directa ao universo.

O nosso céu

Ele é, ora de um azul etéreo, translúcido, e tão radiante, que diríamos que o vemos vibrar e faiscar; ora, mais aguado e esbatido, é como uma seda tenuíssima ou uma frouxa musselina transparente; ora, pelo contrário, ostenta sobre nossas cabeças uma rica e profunda cúpula de esmalte, azul-ferrrete, brunida, com a macieza e o lustre dum brocado de veludo. Outra gradação, essa fantástica e rara, é o céu azul-pervinca, que parece feito de violetas esprimidas.

Outras vezes, finalmente, o céu é de opala, e nas tardes vaporosas, ao fundo das árvores finamente recortadas, desmaia em madrepérola. Há dias, então, esplenderosos de luminosidade, em que, sob o céu muito límpido, tudo é doirado: a terra, as árvores, as águas, o próprio sorriso das coisas e dos homens é doirado. Não se descreve o prodigioso deslumbramento. Quase ficamos surpresos como de uma cúpula tão azul de safira pode escorrer assim tanta luz de oiro.

in Guia de Portugal da Fundação Calouste Gulbenkian - 1924

Here´s to the Crazy Ones



Apple - Think Different. Isto também é Cinema? +

Tuesday, April 17, 2007

Critérios pouco cinematográficos

Quando me perguntam qual o meu filme favorito fico totalmente à toa. Escolher um filme, um livro ou uma música seria sempre de todo inviável. Talvez cinco filmes para aquela ocasião ou em certo contexto, mas em termos absolutos não.

Sendo que adoro listas, rankings e selecções não me deveria abster a tal tarefa. E assim fiz.
Julgo que muitas vezes o que mais importa na selecção são os critérios que utilizamos. Neste caso, por ser uma lista pessoal os critérios foram de toda a ordem, muitos dos quais meramente emocionais... ou porque vi o filme naquele contexto, ou porque me remete para mundos pelos quais tenho particular apreço. Também confesso haver critérios de qualidade e relevância artística aos quais não sou alheio. E sobram também critérios tão simples, como "gosto" ou "é bonito".

Pensei que fosse resultar numa lista mais heterogénea. Olhando para a lista noto a preferência por certos realizadores, certos estilos e certos temas. Quanto aos realizadores tentei realmente não pôr mais do que dois ou três de cada um. Em alguns casos optei apenas por uma obra, que simboliza e remete para as que ficaram de fora. Neste caso a predominância vai para Woody Allen e... ok, acho que o nosso Woody foi mesmo o mais difícil, sem conseguir excluir nenhum dos quatro filmes escolhidos.

Quanto aos temas, só surgem três de animação, mas julgo que representam bem o género. Um destaque especial para "Estória do Gato e da Lua" de Pedro Serrazina, que para mim representa mais do que apenas cinema. Apenas dois documentários, género que adoro mas que não consigo encontrar mais representantes de destaque. E no resto alguns de terror, vários cómicos, muitos americanos, alguns europeus, mas não só. E muitos filmes num género que eu tenho vindo a designar de subtis, que abordam temas da vida comum e as suas peculiaridades.


Claro que isto é a lista hoje. Noutro tempo talvez mudasse um pouco.
Ou talvez mudasse um muito.

Os Filmes

Zelig; Manhatan; Rosa Purpura do Cairo; A flor do meu segredo; Habla con ella; Annie Hall; After Hours; All Good Fellows; Out of Africa; Antes do Amanhecer; Antes do Anoitecer; Lost in Translation; Virgens Suicidas; Cyrano de Bergerac; O Gato e a Lua; Pulp Fiction; Romeu + Julieta; O velho e o Mar; Janela Indiscreta; Nightmare before Christmas; Big Fish; Amelie; Tale of Two Systers; The Royal Tenenbaums; The Eternal Sunshine of The Spotless Mind; Magnolia; Great Expectations; Sprout; The Hours; Sin City; The Big Lebowsky; Beleza Roubada; Little Children; A Vida de Bryan; The Thin Red Line; The Graduated; The Seven Years Hitch; Munholland Drive; Piano; Shinning; Cosmos.

Lista muito pequena e bastante seleccionada dos meus filmes preferidos.

American Way



O mundo segundo os Norte-Americanos

Tuesday, April 10, 2007

O Homem

No capitalismo o homem explora o homem. No comunismo é exactamente o contrário.

John Kenneth Galbraith, Economista norte americano (1908-2006)

Friday, April 06, 2007

Estaticismo

No programa "Quadratura do Círculo" ouvi esta interessante observação por parte de Pacheco Pereira: "A sociedade portuguesa é injusta para os mais jovens. Isto a proposito da legislação laboral pois esta favorece quem já tem emprego e em principio estável. Ora, isso acontece em geral aos mais velhos mas também aqueles que não sentem necessidade de alterar a situação - ou inovar. A situação geral de manutenção dos direitos adquiridos promove o estaticismo."

in Quadratura do Círculo

Um retrato



Pescadores da Nazaré, 1955, por Henri Cartier-Bresson

Tuesday, April 03, 2007

Um Retrato Social

Estive a ver o documentário "Portugal - Um Retrato Social", da autoria de António Barreto, que traça um retrato actual do país e da sociedade portuguesa. O saldo é desolador. Os últimos trinta ou quarenta anos a revelam uma sucessão de oportunidades perdidas. Nós sempre tivémos um atraso generalizado, quer devido à nossa geografia ou à nossa cultura, quer devido à nossa história recente. No entanto, é facto que houve muitas oportunidades. Mas estas foram consecutivamente desaproveitadas. O exemplo mais recente foram os fundos de desenvolvimento europeu empregues no financiamento das obras públicas e de modelos de negócio desactualizados que resultaram em mais atraso. Sem que houvesse alguma estratégia a longo prazo.

Vi também alguns exemplos de negócios de sucesso, em geral assentes na inovação (a real, não daquelas fictícias), na formação profissional (inclusivé do próprio empresário), e no bom clima social (coisa rara por cá). Empresas que exportam o que produzem e importam as matérias primas, pois não há cá quem as forneça com qualidade. Ou seja, os bons exemplos são ilhas desligadas do restante tecido empresarial, reflectem-se positivamente na vida dos seus trabalhadores e pouco mais.

Recorrentemente abordo vários factores errados em que a nossa sociedade assenta. Em termos sociais realmente melhorámos nos últimos anos, mas em termos económicos todos os caminhos parecem dar em becos sem saída. Este documentário resumiu muitas das conclusões a que todos nós chegamos sobre a nossa economia. Com Sócrates o grande projecto nacional tem sido evitar que nos afundemos mais. E já não é mau finalmente trabalharmos sobre um projecto com objectivos. Mas, ou começamos a reverter positivamente as nossas vincadas características, ou os nossos princípios, hábitos e defeitos não nos deixarão sair do fundo tão cedo.

"A agricultura pouco tem a dar e a indústria está esgotada. Os serviços são ineficientes e o turismo já não oferece nada de novo. Com a globalização e a recessão, escasseiam as oportunidades. Como é difícil ganhar o pão em Portugal"