Saturday, January 31, 2009

A própria escrita

Há escritores que escrevem grandes histórias.
Outros há, que escrevem histórias simples, de uma beleza incomparável. E há também aqueles casos de autores que escrevem tão bem que não precisamos de saber como a história acaba para decidirmos se foi um bom livro. Casos onde cada frase é rica em sentidos, cada palavra é um deleite, onde o estilo é gostoso e macio. Nem precisa de história, o prazer vem mesmo da própria escrita.

Como nos casos dos autores citados anteriormente.

Recente

O Mundo era tão recente que muitas coisas ainda não tinham nome e para as mencionar era preciso apontar com o dedo.

GGM in Cem anos de Solidão.

Mapa Cultural



Numa campanha do Discovery Channel.

Marinho

Era uma vez um menino que nasceu cego para as coisas da terra. Só via o mar e o que nele havia. Sabia caminhos nas águas, carreirinhos. Dava nome às ondas, de uma em uma. Dizia: a luz nasce no mar e não dos astros. A claridade lhe chegava do azul, ainda molhada.

O pai parecia nem dar conta da estranheza de seu filho. Aceitava. Mesmo decidira puxar a cabana mais para junto da rebentação. Prendas que o miúdo lhe trazia: conchas, búzios, brilhos da maresia.

Mia Couto in Cronicando.

Thursday, January 22, 2009

Neura

O arquitecto Richard Neura ía sempre com a sua pequena equipa passar um fim de semana nas casas que desenhava, para verificar se todos os pormenores funcionavam e corrigir alguns problemas. Queria certificar-se de que o uso que as pessoas iam dar à sua arquitectura não era totalmente inconsistente com a ideia original. Por isso é que o diálogo é tão importante na arquitectura. Mas nem sempre acontece.

Siza Vieira in anArquitectura

No horizon



De Hiroshi Sugimoto.

Aguardela

Aguardela faleceu. Lamento.

Wednesday, January 21, 2009

Voar é preciso

"Rosa Parks sentou-se para que Martin Luther King pudesse caminhar. Martin Luther King caminhou para que Obama pudesse correr. Obama correu para que todos pudéssemos voar."

Jay-Z

Dolce Vita



As coisas que eu mais gostei em Itália foram as ruinas e os museus.
Supreendentemente gostei mais do que esperava, mas também desgostei mais do esperava. As cidades, a cultura, muita história e muitas histórias, os palácios, o trânsito, as comidas e as águas. Foi mesmo muita coisa. No geral foi supreendente, mas não só.

Adoro a água

Nasci e cresci no litoral.
Isso sempre fez parte do meu ser. Cresci apaixonado pela praia e pelo mar e foi assim que naturalmente me tornei surfista. Os mergulhos de Verão nunca eram suficientes, por isso arranjei uma prancha e encarei o meu primeiro inverno a correr as ondas. Desde então a minha relação com o mar não parou de crescer.

De início também pensei ser apenas praticante de um desporto, mas vim a descobrir que se tornou parte de um modo de vida. Não vivo apenas para o surf, muito neste mundo me interessa. Mas o mar faz parte do meu ser. Sem exageros, surfar, mergulhar, navegar são para mim experiências quase religiosas: A natureza é para mim das criações mais belas de qualquer Deus e é no mar que me sinto mais em comunhão com Ele e com o planeta.

Nem sempre pude viver à beira-mar e com o tempo descobri que o mundo não é só praia. Cresci ainda mais, parti, mas levei sempre comigo esse gene de cultura H2O. A relação com a água manteve-se de muitas maneiras e mesmo em cidades no centro de continentes sempre houve piscinas e rios que me mantêm em contacto com esse elemento. Não é a mesma coisa, nem o faço por uma questão de vício, mas de prazer sincero: Adoro a água. O surf é apenas a expressão mais mágica desse sentimento.

Saturday, January 17, 2009

Second Life

As pessoas sentem-se bem nos Centros Comerciais. Dizem os especialistas que é porque têm lá tudo o que precisam, e ainda ar condicionado, sem chuva e com estacionamento e segurança.

Nos melhores Shoppings das cidades portuguesas até se pode ouvir o chilrear dos pássaros, ou outros sons da natureza, graças a gravações reproduzidas em altifalantes escondidos. Nos Centros Comerciais faz-se tudo, como se estivéssemos no mundo real, embora não seja o mundo real. É uma espécies de Second Life de última geração.

A partir de um texto de Paulo Moura, no Público.

Library of Dust



Do livro Library of Dust, de David Maisel
O livro mostra-nos uma série de latas que contêm as cinzas não reclamadas de antigos pacientes do Hospital Psiquiátrico de Oregon. Algumas tão antigas como do Séc. XIX, estas latas sofreram algumas reações quimicas que lhes deram uma nova beleza criando e recriando-se em novos objectos distintos.

Bestof 08 Photo Books

A Road Trip Journal, Stephen Shore
Library of Dust, David Maisel
The Americans, Robert Frank
Invasion 68 Prague, Joseph Koudelka
A Series of Disappointments, Stephen Gill
Sent a Letter, Dayanita Singh
101 Billionaires, Rob Hornstra
The Books on Books series, Various
Beaufort West, Michael Subotzky
The World From My Front Porch, Larry Towell

Os melhores livros do ano, segundo a Photo-Eye.
Eu ordenei a selecção da revista segundo um pouco a minha preferência. No site podemos encontrar também várias selecções de outros fotógrafos, bem como descrições e previews dos livros.
Eu por vezes, mais do que fotografia, gosto é de livros de fotografia.

Tempos facultativos



Obama, nos seus tempos de universidade.
Não me lembro bem da história, mas estas fotos estiveram perdidas em casa particular até recentemente. Uma colega de faculdade, a propósito de contar aos amigos que de facto tinha privado com ele, foi procurar ao armário e encontrou isto tudo. Que espontâneos eram aqueles tempos.

Thursday, January 15, 2009

Mudar tudo

"O que é que vai mudar tudo?
Que ideias e desenvolvimentos científicos susceptíveis de mudar as regras do jogo espera viver para ver?"


A genética e a biologia molecular vão continuar a dominar nos próximos 50 anos e a seguir será a vez da neurologia. A neurologia vai mudar as regras do jogo da vida humana de forma drástica, mal desenvolvamos ferramentas que nos permitam observar e comandar finalmente as actividades do cérebro humano a partir do exterior. Um único transmissor de microondas, implantado no cérebro, tem suficiente largura de banda para transmitir para o exterior a actividade de um milhão de neurónios. Um sistema de 100 mil transmissores exteriores e de 100 mil receptores internos poderia controlar a actividade dos 100 mil milhões de neurónios do cérebro.

Estas ferramentas tornariam possível a prática da "radiotelepatia", a comunicação directa de sentimentos e pensamentos entre dois cérebros. O antigo mito da telepatia, baseada no sobrenatural, seria substituído por uma forma prosaica de telepatia, baseada em ferramentas físicas.

O site Edge.org propôs esta pergunta a uma selecção de grandes cientistas e pensadores. Das 151 respostas, o jornal Público seleccionou e traduziu algumas. E eu escolhi esta resposta de Freeman Dyson, Físico do Institute of Advanced Studies. Adoro estas questões reflexivas onde os inquiridos tentam pensar o mais longe possível sem se condicionarem pelos temas mais óbvios.

Wednesday, January 14, 2009

Soulcam



Uma ideia tão simples e tão original.
Eu sei que reincido nos audiovisuais, mas esta é uma viagem pelos pequenos prazeres da alma. E o título faz-nos voar e sonhar. Gostei, gostei mesmo...

Un Cuore



Campanha Un Cuore, protagonizada por Monica Belluci.
Tal como a Paula, também eu pensei que de facto esta campanha ía ter uma divulgação generalizada.Pelo menos ao nível da internet Lusa, pois decorre em Lisboa com o actor Fidalgo, também ele português. E o tema da campanha é bastante original. Visitem-na.

Wednesday, January 07, 2009

Elogio ao Dakar

Tenho saudades do Paris Dakar.
Não deste simulado, mas do original. Era uma das poucas consolações nestes frios dias de Janeiro, saber como íam as coisas no coração de África, imaginando-me a realizar esta mitica viagem com todas as minhas forças. O mero facto de começar num ponto e acabar noutro bem distante dava-lhe essa aura de viagem. Não é como aqueles que andam às voltas e acabam onde começam. Até podem ser interessantes, mas são outros. Não são o Dakar.

E era a África, aqui tão próxima e tão longe.
Era um pouco pensar o que aconteceria se continuasse por aí a fora, para além da europa, sempre em frente até ao lago rosa. As coisas começavam muito compostas em cidades europeias e íam descambando, endurecendo. E fascinando. E a África. O derradeiro desafio, mesmo aqui ao lado. As transmissões remetiam para o mesmo fuso horário e a mesma estação do ano. No entanto era tudo tão diferente. Conseguir chegar lá passando por tudo seria sempre um sentimento único. Deveriam ser das melhores passagens de ano pegar na máquina para viajar por milhares de quilómetros até ao coração do mundo. Talvez um dia isto volte a acontecer.
Até lá, só resta esperar...

Yoann-Segalen

Thursday, January 01, 2009

Aceito+Recuso=Acuso

Neste contexto, a referência a “Aquele abraço” vem muito a propósito, pois a canção de Gilberto Gil foi vista por alguns como uma reconciliação pós-tropicalista com a MPB mais tradicional, tendo talvez por isso recebido, em 1969, o prêmio Golfinho de Ouro, outorgado pelo Conselho de Música Popular Brasileira do Museu da Imagem e do Som. Este Conselho, composto pela nata da época dos pesquisadores de MPB (sem contar Augusto de Campos, é claro), incluía alguns bastante avessos ao tropicalismo, e todo este contexto levou Gil a recusar o prêmio. Ele fez isso através de um artigo enviado de Londres ao Pasquim, a que deu o título: “Recuso+Aceito=Receito” . Estávamos em 1969, e hoje Gil é Ministro da Cultura; mas a relação de Caetano com “Feitiço da Vila”, tal como vem sendo exposta em intervenções públicas, parece retomar aquele velho desentendimento (na minha opinião, ultrapassado), para repaginá-lo como “Aceito+Recuso=Acuso”.

Tudo isto a propósito de ter encontrado o que eu julguei ser apenas um blog de Caetano Veloso. Digo apenas, porque pelos vistos insere-se num projecto com princípios muito interessantes. Isto principalmente pelo facto da exibição das novas músicas ao vivo semanalmente, Caetano vai construindo o novo album com um feedback imediato do público. O blog insere-se nessa estratégia envolvendo-nos nesse projecto. Que pena eu não estar a planear passar pelo Rio de Janeiro nestes próximos dias.

Remake

Só vale a pena fazer remakes de um mau filme.

Steven Soderbergh