Cerca de 30% da população residente em Portugal não mantém a casa adequadamente aquecida, segundo o jornal Público. Fiquei surpreendido, pois julgava que estes valores andavam em torno dos 95%, a crer nas condições que tenho encontrado por todo este país. De facto, não vivemos num país particularmente frio, mas daí a viver quase a céu aberto, com as casas mal calafetadas e com salas de estar a 12º - como já duas vezes verifiquei, é praticamente não ter um tecto que nos abrigue.
Não compreendo.
Por muito duro que tenha sido o longo e rigoroso inverno da ditadura, já nos devíamos ter libertado das geladas tradições que fazem das nossas salas verdadeiros exílios siberianos. Porque ainda não assumimos os padrões europeus de conforto e qualidade de vida no que respeita ao aquecimento das habitações, como aconteceu em tantas outras coisas mais fúteis?
O que mesmo me espanta é que os nossos concidadãos considerem natural viver numa casa a 12º, ou menos. Muitas vezes, gente de posses que se passeia em automóveis megalómanos, mas que vivem quase ao relento. Como se fosse natural. E já foi, mas entretanto inventámos o fogo, e criámos abrigos. Portugal não pode estar assim tão atrasados. Pelo menos já devíamos ter saído da idade do gelo.