Mas porquê ?
Perguntou-me a Ana uma vez:
"Algo está bastante errado no funcionamento das escolas, das aulas, dos alunos... Não percebo bem o desinteresse por tudo. Por aula, se metade dos alunos estiverem verdadeiramente interessados é uma sorte ? Talvez esteja a exagerar, mas estou um pouco confusa. E o que aconteceu para ser desta forma? É o programa? É a escola? É a sociedade consumista que está a dar cabo das cabeças dos miúdos? Malta que adormece por sistema, que se recusa a aprender, é de loucos, de loucos.
Como fazias ? Como fazes ? Essencialmente, como fazes para não ficares triste quando uma parte deles simplesmente não quer receber o que tens para transmitir ? Vá, um beijinho e desculpa o desabafo."
Também me tenho deparado com as mesmas questões, pois não é só contigo que isso acontece. Acho que há várias razões, mas a principal para mim é a sociedade actual. Acho que cada vez mais as coisas são abordadas superficialmente, com estímulos curtos e imediatos, de respostas simples e rápidas. Não são só os alunos, basta ver os professores nas reuniões agarrados aos telefones mal o ritmo abranda - e nós crescemos numa época em que se tinha de ler livros e ouvir pessoas para aprender a sério. Agora temos de competir com vídeos de gente aos saltos, programas e discursos de dois minutos, com ideias simples de cores brilhantes com que eles cresceram a vida toda. Muitos até consideram que eles aprendem mais rápido, mas não me parece. A capacidade de concentração perdeu-se, já não reflectem sobre o complexo, e não abordam os temas na profundidade. Acresce ainda que cada vez mais temos turmas maiores, menos condições de trabalho, e mais tarefas extra lectivas - muitas tarefas extra lectivas. Não há milagres !
Perante toda esta reflexão, tenho tentado ir ao encontro deles. Misturo a apresentação de conceitos com exemplos curtos, dou espaço para muita conversa e debate quando se mostram curiosos, lanço questões desafiantes para eles participarem, e repito os conceitos principais muitas vezes. Até os deixo divagarem um pouco, como eu quando aluno que passava o tempo a desenhar nos cadernos. Mas depois aviso quando a informação é importante e têm mesmo que parar tudo para dar atenção. Ainda assim, alguns recusam-se a despertar, a participar ou sequer a pensar. Por mim, já são adultos e podem ir pela segunda opção que consiste em estudarem como malucos nas vésperas dos testes. Eles que façam como quiserem, mas uma coisa para mim tem sido sagrada: se não sabem a matéria, paciência... fica para o ano !
Carta de uma amiga
"Algo está bastante errado no funcionamento das escolas, das aulas, dos alunos... Não percebo bem o desinteresse por tudo. Por aula, se metade dos alunos estiverem verdadeiramente interessados é uma sorte ? Talvez esteja a exagerar, mas estou um pouco confusa. E o que aconteceu para ser desta forma? É o programa? É a escola? É a sociedade consumista que está a dar cabo das cabeças dos miúdos? Malta que adormece por sistema, que se recusa a aprender, é de loucos, de loucos.
Como fazias ? Como fazes ? Essencialmente, como fazes para não ficares triste quando uma parte deles simplesmente não quer receber o que tens para transmitir ? Vá, um beijinho e desculpa o desabafo."
Também me tenho deparado com as mesmas questões, pois não é só contigo que isso acontece. Acho que há várias razões, mas a principal para mim é a sociedade actual. Acho que cada vez mais as coisas são abordadas superficialmente, com estímulos curtos e imediatos, de respostas simples e rápidas. Não são só os alunos, basta ver os professores nas reuniões agarrados aos telefones mal o ritmo abranda - e nós crescemos numa época em que se tinha de ler livros e ouvir pessoas para aprender a sério. Agora temos de competir com vídeos de gente aos saltos, programas e discursos de dois minutos, com ideias simples de cores brilhantes com que eles cresceram a vida toda. Muitos até consideram que eles aprendem mais rápido, mas não me parece. A capacidade de concentração perdeu-se, já não reflectem sobre o complexo, e não abordam os temas na profundidade. Acresce ainda que cada vez mais temos turmas maiores, menos condições de trabalho, e mais tarefas extra lectivas - muitas tarefas extra lectivas. Não há milagres !
Perante toda esta reflexão, tenho tentado ir ao encontro deles. Misturo a apresentação de conceitos com exemplos curtos, dou espaço para muita conversa e debate quando se mostram curiosos, lanço questões desafiantes para eles participarem, e repito os conceitos principais muitas vezes. Até os deixo divagarem um pouco, como eu quando aluno que passava o tempo a desenhar nos cadernos. Mas depois aviso quando a informação é importante e têm mesmo que parar tudo para dar atenção. Ainda assim, alguns recusam-se a despertar, a participar ou sequer a pensar. Por mim, já são adultos e podem ir pela segunda opção que consiste em estudarem como malucos nas vésperas dos testes. Eles que façam como quiserem, mas uma coisa para mim tem sido sagrada: se não sabem a matéria, paciência... fica para o ano !