A ultima edição do
Ípsilon (ou a primeira) aborda o tema do plágio. Devo esclarecer que em geral sou a favor da reinterpretação. Excluindo a cópia pura considero que as boas obras, uma vez públicas, contaminam de ideias e novos conteúdos todos os criativos que a isso se disponham. E isso costuma ser benéfico.
Um dos maiores sucessos de Caetano Veloso, "Sozinho", foi originalmente escrito e interpretado por Peninha, um autor até aí desconhecido. Na sua versão ao vivo (a mais vendida), Caetano diz algo como: "Viva Peninha". E o autor foi assim resgatado à anonimidade com claros benefícios para o próprio e para a música em geral.
No panorama cultural brasileiro os exemplos são recorrentes tornando a sua expressão das mais dinâmicas do mundo.
O mesmo acontece por exemplo à cultura de Hollywood com uma intensa produção muitas vezes a raiar a cópia directa. Aliás, exemplos de cópia directa há-os em bastante quantidade para que realmente se dê atenção a isso. "Vanillla Sky" de Cameron Crowe, cópia do "Abre tus ojos" do Alejandro Amenábar, "City of Angels" de Brad Silberling é cópia de "Der Himmer über Berlin" de Wim Wenders, etc. Há inclusive o caso de Psycho, original de Alfred Hitchcock refeito igualzinho, plano a plano, por Gus Van Sant para eventualmente chegar à conclusão que em nada se acrescenta à obra original.
Mas vale sempre como exercício.
Muitas vezes cito como exemplo a música Summertime, que adoro. Tenho sempre que esclarecer que me refiro à versão cantada por "aquele" intérprete. Muitas vezes além do intérprete tenho que indicar a ocasião ou a orquestração, pelo facto de ter sido cantada várias vezes. Ora isto para mim é valor acrescentado, ora para os criadores, ora para alguns intérpretes (os melhores), ora para a cultura em geral. Defendo é que se deve citar as fontes ou inspirações. A partir daí, rédea solta à criatividade e que vençam os melhores.
Os públicos agradecem.