Fico contente de ver a opinião pública a intervir, como acontece no caso do Mercado do Bolhão no Porto. No entanto, tenho que discordar com as opiniões defendidas pela população da cidade. Considero que apenas reagem por oposição à mudança e pela manutenção do status quo. Raramente as intervenções nacionais são pró-activas e dinamizadoras da evolução.
Neste caso, julgo que o projecto apresentado para o Mercado do Bolhão parece-me realmente uma melhoria ao que existe actualmente. O Mercado apresentava-se totalmente desadequado aos tempos modernos.
Incomoda-me que se tente sempre evitar as intervenções no património alegando a defesa da história. Ora, o presente também existe e um dia fará parte da história. Não há razão para que não se integrem os elementos do presente com os do passado. Principalmente quando as intervenções são positivas e redinamizarão sem destruir.
Não vamos deixar o Bolhão cair de velho, nem vamos recuperá-lo para as funções de há um século atrás. Não. Vamos recuperá-lo para o futuro. Vamos dar-lhe mais funcionalidades, adequadas aos nossos tempos.
É o que acontece neste novo projecto.
Não deixará de ser um mercado, mas passará a oferecer novas utilizações que se integram no urbanismo daquela área. Os pisos subterrâneos com garagens e descargas parecem-me uma excelente solução. E óbvia. No resto, parece-me existir uma integração entre o comércio tradicional e as novas superfícies comerciais. E também, neste caso, criando uma pequena zona residencial que dará vida à área fora das horas de expediente.
Este género de intervenções são o ideal para o centro das cidades. Aproveitando a recuperação de edifícios antigos criam-se novas infraestruturas para quem habita ou utiliza a baixa da cidade. Só vejo vantagens.
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