Belle du jour - The Nightmare before Christmas
Qual devo elogiar primeiro? As imagens, o filme ou a música?
Os meus natais já não são os mesmos sem o meu amigo Jack.
Provando mais uma vez que a animação não é só para crianças mas sim um meio cheio de potencial para que histórias maiores acontençam. O universo animado pode ser o mais fantástico ou o mais humano que se possa imaginar. Ou as duas coisas ao mesmo tempo.
Tim Burton, dos maiores realizadores do cinema actual, sempre introduziu o seu muito pessoal universo nos filmes que fez. Mas este filme é sobre o seu universo. Com Tim Burton aprendi que as bruxas e bruxinhos também são gente e que todos os dias há noite. Todos os anos há Natal mas não só. Tim Burton faz a ponte entre essas noites e os nossos dias, sem renegar qualquer um deles. E este filme é uma síntese disso.
Ironicamente, a realização pertence a Henry Selick. Na animação tal é frequente, pois é um trabalho de muita longa duração, onde mesmo depois de se pôr de pé o universo ambiente, a estética, o argumento e as personagens, ainda sobra muito trabalho. O cinema de animação é um trabalho de muita paciência. Tim Burton sabe-o pois começou como animador nos estúdios Disney. Mas tem vindo a traçar o seu próprio caminho. Um caminho muito próprio, aliás. Neste caso, em vez do desenho animado utilizou a animação de volumes. Uma técnica ainda mais difícil, na minha opinião. E aos poucos tem vindo a trazer à luz estes universos das trevas, de forma tão brilhante.
O cinema de Tim Burton tem sido um pouco mais genial ao contar com a presença de Danny Elfman. Colaborador regular de Burton, Danny Elfman é hoje um dos mais bem sucedidos e esteticamente bem definidos entre os muitos compositores ao serviço do cinema. E na minha opinião esta é a sua obra-prima. Não sendo particular fã de musicais, mas sendo que gosto de filmes com muita música, aqui rendo-me ao género mais Brodway onde as personagens desatam a cantar sem grande razão para tal, mas as acabam por fazer parte da narrativa. E aqui tem tudo: os coros, as orquestras, os solos. Só que as músicas são realmente boas, muito pop e indissociáveis do filme. Não há alternativa: quem gosta do filme, gosta das músicas. E vice versa. E há quem ame ambos.
Há algum tempo que queria abordar o tema das parcerias entre realizadores e compositores. E julgo que não há melhor exemplo do que este. A relação Burton/Elfman é de uma simbiose onde cada um sendo original e autêntico se complementam mutuamente. E este filme é o universo e qualidades de cada um levados ao extremo. Ou talvez ainda não, espero eu...
E eis que nasce um novo natal. Inimaginável !
de Henry Selick, Tim Burton e Danny Elfman