Monday, December 26, 2005

Belle du jour - The Nightmare before Christmas




Qual devo elogiar primeiro? As imagens, o filme ou a música?

Os meus natais já não são os mesmos sem o meu amigo Jack.
Provando mais uma vez que a animação não é só para crianças mas sim um meio cheio de potencial para que histórias maiores acontençam. O universo animado pode ser o mais fantástico ou o mais humano que se possa imaginar. Ou as duas coisas ao mesmo tempo.

Tim Burton, dos maiores realizadores do cinema actual, sempre introduziu o seu muito pessoal universo nos filmes que fez. Mas este filme é sobre o seu universo. Com Tim Burton aprendi que as bruxas e bruxinhos também são gente e que todos os dias há noite. Todos os anos há Natal mas não só. Tim Burton faz a ponte entre essas noites e os nossos dias, sem renegar qualquer um deles. E este filme é uma síntese disso.
Ironicamente, a realização pertence a Henry Selick. Na animação tal é frequente, pois é um trabalho de muita longa duração, onde mesmo depois de se pôr de pé o universo ambiente, a estética, o argumento e as personagens, ainda sobra muito trabalho. O cinema de animação é um trabalho de muita paciência. Tim Burton sabe-o pois começou como animador nos estúdios Disney. Mas tem vindo a traçar o seu próprio caminho. Um caminho muito próprio, aliás. Neste caso, em vez do desenho animado utilizou a animação de volumes. Uma técnica ainda mais difícil, na minha opinião. E aos poucos tem vindo a trazer à luz estes universos das trevas, de forma tão brilhante.

O cinema de Tim Burton tem sido um pouco mais genial ao contar com a presença de Danny Elfman. Colaborador regular de Burton, Danny Elfman é hoje um dos mais bem sucedidos e esteticamente bem definidos entre os muitos compositores ao serviço do cinema. E na minha opinião esta é a sua obra-prima. Não sendo particular fã de musicais, mas sendo que gosto de filmes com muita música, aqui rendo-me ao género mais Brodway onde as personagens desatam a cantar sem grande razão para tal, mas as acabam por fazer parte da narrativa. E aqui tem tudo: os coros, as orquestras, os solos. Só que as músicas são realmente boas, muito pop e indissociáveis do filme. Não há alternativa: quem gosta do filme, gosta das músicas. E vice versa. E há quem ame ambos.

Há algum tempo que queria abordar o tema das parcerias entre realizadores e compositores. E julgo que não há melhor exemplo do que este. A relação Burton/Elfman é de uma simbiose onde cada um sendo original e autêntico se complementam mutuamente. E este filme é o universo e qualidades de cada um levados ao extremo. Ou talvez ainda não, espero eu...

E eis que nasce um novo natal. Inimaginável !

de Henry Selick, Tim Burton e Danny Elfman

Identidade

Os humanos pertencem ao domínio eucarya, reino animalia, filo chordata, subfilo vertebrata, classe mammalia, ordem primates, família hominidae, género homo, espécie sapiens.

Eu sou isso tudo!?

Wednesday, December 21, 2005

Cinéfilia

Há que goste de cinema e quem goste de ir ao cinema

Friday, December 09, 2005

Belle du jour - Golden Arm



de Saul Bass

Hitch Style



No mundo do cinema há parcerias que se tornam clássicas.
As relações entre Cineastas e Músicos e Compositores foram das mais interessantes e criativas, ampliando em muito as características dos filmes. Mas também as relações Cineastas e Actores, Escritores, Artistas entre muitas outras.

Mas quero salientar uma relação menos comum: O Cinema e o Grafismo. Neste caso entre o Realizador Alfred Hitchcock e o Designer Gráfico Saul Bass. Saul Bass criou o grafismo de muitos filmes, sendo o The Man With The Golden Arm, de Otto Preminger, talvez o mais conhecido. E julgo que para Hitchcock apenas criou o grafismo para o Vertigo, incluindo o genérico inicial. Mas actualmente a imagem de Hitchcock encontra-se sempre inspirada pelo estilo Saul Bass.
Acho tudo isso muito interessante. Um designer criar uma identidade cinematográfica.

Wednesday, December 07, 2005

Omnisciência

Há uns tempos andei fascinado com as Webcams.

As Webcams são cameras online, em geral sempre em directo.
Já tinha contactado com um fenómeno semelhante na Alemanha, onde havia um canal de Tv com cameras em directo das principais estâncias de Ski. Achava hipnótico ver um sítio qualquer o tempo todo. Víamos a metereologia, mas também as pessoas a passar e a fazer coisas banais.

Confesso que tinha algo de vouyerista, mas a sensação de que estava a observar dois sítios diferentes ao mesmo tempo era fascinante. E em directo. Ou seja, se algo de extraordinário acontecesse eu observá-lo-ía. Com a internet e as Webcams isso começou a acontecer de forma muito ampliada. Havia, e há, cameras na torre Eiffel de Paris, nas praias do Hawai e nos locais mais diversos que possam ser imaginados. Sendo o trabalho de computador geralmente exercido em casa, em espaços fechados, no meio das cidades, podía ter uma pequena janela virada para o mundo. Dos locais mais tropicais aos mais cosmopolitas, a janela estava aberta, enquanto eu observava quem passava.

Ao contrário dos directos dos jornais, em que só acontecem porque algo de extraordinário está a decorrer por lá, em geral com uma equipa profissional ávida de acção, estas cameras são bastante neutras. Simplesmente estão lá, a transmitir, muitas vezes automaticamente. Sem que ninguém filtre o que lá surge. Da forma mais expontânea possível.

Há pouco tempo cheguei à conclusão que um dos factores que tanto me fascinam estas pequenas janelas é o facto de sentir uma certa Omnisciência. É verdade que tenho consciência do que ocorre em vários locais do mundo. Ao mesmo tempo.
Sinto-me um pequeno Deus, junto ao meu altar informático.