Tuesday, August 30, 2005

Ex Citado

"Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas como o mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo
Agora, Há tanta vida lá fora, aqui dentro
Sempre como uma onda no mar"

de Nelson Motta

Reintérpretes

Gosto de Covers.
Nem todos os bons cantores são bons compositores.
Nem têm de cantar apenas músicas originais e inéditas.
Até me agrada particularmente que uma música que gostei em tempos, cantada por alguém e orquestrada por outrém, ganhe outra nova vida, na voz de quem também a aprecie.

Gosto dos Covers nas Artes Visuais.
Em nada me preocupa dizerem que tal ilustração parece outra que já existiu. Ou que este anúncio não é original ou que aquele filme é um remake. Não falo apenas de imagens com uma influência ou estilo similar. Não, falo mesmo de uma reinterpretação personalizada do mesmíssimo quadro. Alterando o que quiser, mantendo o que quiser. Usando a minha "voz" para as mesmas palavras.
E então algo nasce de novo. De novo !

Originais

Actualmente, considero que as obras nunca são finais.
Podem sempre ser reinterpretadas, refeitas ou restauradas.
Durante muito tempo não sabia se seria válido restaurar uma obra degradada. O limite era o nariz da Esfinge: Seria legítimo refazê-lo ? Acho que sim ! Com todas as polémicas que tal possa acarretar, considero as obras de artes um work in progress. As gerações futuras irão viver e conviver com essas obras e com a memória delas. Que não será necessáriamente igual ao original.

Sejamos bons intérpretes. Sejamos bons compositores.
Que seja dado crédito a quem nos influencía. Que a originalidade conviva com toda a memória. Nem toda a arte vive da criação.
Às vezes há que recriar.

Monday, August 29, 2005

Nada



de Mim

Nadas

e se eu hoje nada escrevesse ?

Sunday, August 28, 2005

Belle du Jour - The Chocolat Factory






de Tim Burton

Saturday, August 27, 2005

Mike Mills

Tinha-me prometido, postar assiduamente uma bela imagem, como parte da minha contribuição por um mundo melhor.
Quão difícil podia ser, bastava escolher uma imagem bonita !?
Mas não, era a primeira. A verdade é que mal comecei toda a expontâneadade se perdeu.

Escolhi uma imagem avulsa do meu novo designer favorito, Mike Mills.
Este rapaz tem uma história de tipico sucesso americano: Skater, muda-se ao 18 anos para Nova Iorque onde trabalha esporadicamente em publicidade. Inscreve na faculdade em design, não termina por precisar de trabalhar. Começa por fazer grafismos para marcas de roupa, depois para Cd´s e finalmente dá por si a realizar telediscos para os Air, Moby, Everything but girl, entre outros. Actualmente está a terminar o seu primeiro filme e faz parte do Director´s Bureau, um colectivo de realizadores, juntamente com Roman e Sofia Copolla.

Mas o rapaz tem talento. O Album dos Air, Moon Safari tem o seu grafismo e em muito contribuiu para o sucesso da banda. O facto de ter jeito para o desenho e a sua cultura de skater, fazem com que geralmente componha as suas obras com um espirito um pouco sixties, ou pelo menos sem as novas tendências hiperinformáticas. Agrada-me.
E depois os telediscos. O Kelly Watch The Stars, dos Air é para mim de uma sensibilidade tocante. Mais tarde ou mais cedo estará a realizar filmes de grande orçamento.

O que mais me salta à vista nesta história, é como alguém com talento, e alguma sorte, pode crescer continuamente na América. E que o seu trabalho, ainda que para já discreto, chegue a muitos bons artistas que lhe dão carta branca para compor. Sem ter que fazer o trabalho da moda. Podendo experimentar, arriscar.
O seu trabalho é qualidade reconhecida, mas julgo que por cá dificilmente poderia sair da linha. As coisas seriam feitas mais ao gosto do cliente (não do consumidor), alguém que decerto não tem as mesmas capacidades ou competências.
O verbo ousar não costuma ser conjugado pelas empresas Portuguesas. Principalmente nestas áreas que precisam de tão pouco investimento e podem dar muito retorno.

Friday, August 26, 2005

Belle du jour - Movies out of Life



de Mike Mills

Thursday, August 25, 2005

+ Fotografia III

Quanto a mim, quem mais poderia ampliar essa imagem positiva da nossa terra, seriam as Artes, a Publicidade e o Turismo. Claro que o cidadão comum também fotografa, mas não publica. E não precisam de ser livros de fotografias. É nos objectos mais banais que elas fazem falta. Espalhadas pelo quotidiano. Nas bancas de revistas, nas paredes dos cafés. As nossas paisagens urbanas não fazem história nem contam histórias. Não gritam imagens.

A publicidade, que vende um " Marlboro Country" por todo o mundo, usa as nossas paisagens de forma neutra. Como pudessem ser em qualquer parte do globo. Por vezes é intencional, mas tantos produtos que ganhariam com a identificação dos locais onde são produzidos optam por vender uma imagem mais internacional. A não ser que seja para consumo interno. Mas é talvez na publicidade que mais encontro bons exemplos da alma do nosso país. O azeite Galo, que apela à tradição sem parecer antiquado. As cervejas que enquadram nas suas campanhas certas zonas do país. Mas ainda assim, sem produzir ícones. Com que só tinham a ganhar.

Por ocasião do Euro2004 adorei ver interpretações do nosso país pela publicidade estrangeira. Não nos sabia com tanta personalidade. Sem aquela imagem que é a única que vai aparecendo lá fora do coitadinho, país pobre e sujo. Foi feita uma bela campanha em que apareciam zonas muito reconhecíveis do país cobertas por um relvado.
O Turismo de Portugal pouco cria. Vá para fora cá dentro e as Pousadas de Portugal para consumo interno, tudo muito neutro. Uns spots de Tv com vistas aéreas do país e pouco mais. Na altura da expo, houve um anúncio de uns bébes a nadar de baixo de água, que nada tinha de Português. Do Porto e Lisboa Capital da Cultura, nada me lembro. Talvez a Casa Música, não em imagens mas em obras. No entanto cruzo Lisboa e Porto e sinto que aquelas imagens deviam sair dali, viajar pelo mundo.
Vivêmos numa terra bonita. Não adianta escondê-lo!

+ Fotografia II

A fotografia mão se resume ao relato de uma cultura. Mas faltam as imagens iconográficas deste país. Não há aquela imagem que apareça em todos os postais. Aliás, nos nossos postais aparecem imagens estrangeiras. Não acarinhamos os nossos monumentos arquitectónicos. Não fazemos deles ex libris. Não vejo excursões de japoneses ávidos para fotografar igual ao que já conhecem. Em geral, este deve ser dos poucos países onde os Japoneses não fazem fila. Pelo contrário, sentem-se perdidos como se fossem fotografar algo pela primeira vez, algo que ainda não vinha nos livros.

Já por várias vezes no estrangeiro encontrei imagens que não acreditei serem em Portugal. Em geral de sítios que já conhecia. Mas que não os tinha como locais tão fotogénicos. É que faz uma grande diferença a nossa recordação sensorial e a revisão à posteriori de uma bela Foto. As fotos acompanham-nos, dão-nos identidade. Condensam os bons sentimentos por aquele local. Fazem-nos sonhar. Das fotos nascem lendas.

+ Fotografia I

Gostava de ver mais vezes o meu mundo em fotografias.

Não daquelas que vêm de longe, mas as do meu país, das minhas gentes.
Quando nos vejo retratados por gente de fora em geral somos pintados a preto e branco, com gente humilde a trabalhar. Mas, quando eu acho que Portugal tem uma luz tão própria. Lisboa é das metrópoles mais luminosas e coloridas que eu conheço. O Alentejo sinto-o dourado e longo. Uns Açores mágicos. O Porto, com as suas névoas a brotar da rocha. As noites cheias de pequenas luzes. As nossas casas. As nossas comidas, também elas tão policromáticas. E poliaromáticas.

Monday, August 22, 2005

Cultura Visual.

Sinto pouco a cultura visual.
Sabemos reconhecer e opinar sobre musica, clássica ou Pop, qual a boa literatura e quais os carros mais modernos.
Mas em matéria visual pouco mais vêmos que a televisão e cinema. E com isso julgamos que conhecemos o mundo. Quando ouço opiniões de como o cinema Europeu tem pouca luz a que geralmente respondem ser uma questão de hábito, julgo que é mesmo isso: Uma questão de Hábito.

Não estamos habituados a imagens bonitas ou diferentes. Não temos identidade visual. Ainda vivemos sobre a herança do regime salazariano, quando a revolução pop ainda não tinha chegado ao nosso país e a informática era apenas um delirio.
As novas gerações, mais intimas dos computadores, têm um gosto mais internacionalizado. Mas isso não se reflecte na cultura do dia a dia. Talvez nalgumas revistas alternativas e pouco mais. O pouco que nós produzimos com qualidade é um seguidismo das tendências internacionais. E ainda assim produzimos pouco.

Invejo as cidades japonesas cheias de neons e apelos ao consumo e os seus jovens de trajes multicoloridos.
Mas mesmo as imagens mais clássicas e sóbrias por pouco não existem. Fazer clássico não é fazer igual há cinquenta anos atrás. Mesmo o fato gravata tem vindo a evoluir. E não é por ser caro que é elegante. E podemos ser clássicos à nossa maneira.

Como se os arrojos visuais fossem exclusivo das novas tendências artistísticas. Na verdade, talvez seja essa a área onde elas se manifestem pela primeira vez. Mas não há razão para, mais cedo ou mais tarde, elas não descerem à rua. Não entrarem pelas nossas casas a dentro. Experimentamos pouco e aplicamos nada.

Friday, August 19, 2005

Um som estranho

Há muito que não ouço Caetano Veloso.
A Foreign Sound, o seu último album, foi uma experiência muito interessante, como aliás são todos os seus trabalhos, e mais um passo para a já há muito merecida consagração internacional (leia-se Anglófona).
Mas normalmente, após o album de estúdio seguiam-se registos ao vivo. Ora, era aqui que, para mim, Caetano atingia o sublime. A forma muito polida e perfeita do estúdio ganhava ao vivo um registo mais humano. Quer na interaccção com o público e com os outros músicos, quer mesmo no facto de por vezes existirem pequenas falhas. Nessas falhas podemos mais de perto a presença do autor e dos intérpretes. É nesses erros que eu sinto que são apenas pessoas que ali estão. Ao ouvi-las respirar, rir e cantar sinto-as como se estivessem na minha sala, ao meu lado. E consigo receber os ecos da emoção vivida pelo cantor ao recitar aqueles poemas com música.
Sendo que A Foreign Sound não é um album de originais, sem deixar de ser original, não houve sequer a surpresa de novas rimas, novos temas, geralmente acompanhados de muita sensualidade e polémica. Sentimos a motivação que criou este album, mas ao contrário dos anteriores, não houve esses ecos dentro da própria obra de Caetano. Acabou no estúdio. Não saiu à rua.
Pois, uma pessoa habitua-se.

Thursday, August 18, 2005

Declaração de princípios

Sem o dom da palavra nem jeito para letras, restam-me estas frases.
Não escrevo para que seja lido mas para que esteja escrito.
Talvez mais tarde mude de ideias. O que importa no meu pequeno mundo que não possa ser des-resconstruido ? No final veremos.
Para já este é o princípio.