Saturday, November 26, 2005

Vida Ficcionada

O texto anterior fez-me reflectir num fenómeno que tenho visto a acontecer na sétima arte e cujo melhor exemplo para mim são os filmes Before Sunrise e Before Sunset, ambos de Richard Linklater.
O primeiro filme relata o encontro de dois jovens. O segundo, filmado dez anos mais tarde, relata o encontro dos mesmos jovens, dez anos mais tarde. Com os mesmos actores, dez anos mais velhos.
Mais do que ser uma simples continuação, é o cinema a cruzar-se com a vida. De repente, tudo o que aparentava ser apenas ficção torna-se quase documental e nós sentimo-nos a invadir a vida pessoal daquelas personagens/actores. Onde acaba o real e começa a ficção ? Que experiências realmente vividas levaram os actores consigo para o filme ? Terão sido as personagens que cresceram ou apenas os actores e a história?
Já não falo no facto de eu próprio ter visto o primeiro filme há dez anos e o segundo recentemente. A minha contemporaneadade com a história de que forma influência a forma de vêr o filme. Sendo que ainda para mais sou relativamente da mesma idade que os actores.
Será que a história se limita ao filme? Será que há apenas um filme, que dura dez anos?
Será que eu também me tornei parte da história em que o filme se tornou?

Friday, November 25, 2005

Vida Real

Tenho para mim que as novelas são como a vida.
Passo a explicar:
Geralmente os filmes duram cerca de duas horas. E nessas duas horas o tempo é condensado para caber nesse formato normalizado. Raros são os filmes em que o tempo que decorre no filme é também de poucas horas.

Em séries de televisão já houve algumas experiências nesse campo. Séries como o 24 Horas, ou uma série com a actriz de Elaine Benes, do Seinfeld, onde o tempo da série decorre mais ou menos síncrono com o nosso.
Mas são limitados. Por exemplo, no caso do 24 Horas vêmos as 24 horas durante alguns meses. Eventualmente, em Dvd poderíamos vê-las num dia. Mas é só um dia.
Há claro, o casos dos directos. Mas aí também, limitados a algumas horas.

No caso dos livros, esse tempo real e virtual é onde eu penso que pode ser mais sincronizado. Podemos lêr no mesmo ritmo em que a história decorre.
Mas também pode acontecer exactamente o oposto. Casos em que a história passa por várias gerações podem ser lidas em alguns dias e podemos demorar meses a lêr o relato dum dia de uma persoangem.
No fundo, como os livros não têm um limite normalizado, podemos ler ao ritmo que entendermos e como as histórias abragem toda uma vasta amplitude cronológica, este é um exemplo onde o tempo pode ser similar ao tempo da nossa vida.

No caso das novelas, considero haver uma relação tempo real e tempo virtual das mais conseguidas. Ou seja, os temas abordados duram em geral o mesmo que duram na novela.
Por exemplo: Uma relação amorosa. Quando acontece, não é de um momento para o outro. Vai acontecendo. Com alguns momentos chave mais importantes, mas também com muitos dias em que nada de relevante acontece. E isto tanto pode durar ao longo de vários meses como se precipitar de um momento para o outro.
Por vezes chegam ao ponto de uma personagem ficar grávida e só vir a ter o filho passados nove meses.
Exactamente como na vida real

Thursday, November 17, 2005

Belle du jour - Confessions



de Madonna

Tuesday, November 08, 2005

Disaine

Há uma coisa que me agrada nos Brasileiros, que é o facto de estarem sempre a criar palavras novas.
Ao contrário dos Portugueses, usam muitos estrangeirismos. Mas convertem-nos para português. Como "tomar um drinque" ou "estar a esnobar" a partir do inglês drink e snob, respectivamente.
Alguns livros brasileiros encantam-me com uma língua que é a minha cheia de todas as outras, como se agora passassem a ser nossas também. E os regionalismos, quer brasileiros, quer africanos, quer quaisquer uns, que mesmo cheios de palavras novas, respeitam a nossa gramática.
Além dos inventores de palavras, como Mia Couto e outros poetas. E casos como os Mãozinha e os Smoke City que, nascidos noutras línguas perderam a reverência aos nossos sempre egrégios avós.

Pois bem, hoje quero propor uma nova palavra: Disaine.
Pronuncia-se exactamente igual à sua versão actualmente em uso, design, mas está escrita em Português. E assim pode ser conjugada e criar novas famílias. De palavras.

Monday, November 07, 2005

Sucesso

Os Portugueses sofrem quando os seus conterrâneos têm sucesso.
Afirmam sempre tratar-se de esquemas, heranças ou cunhas. Em última instância, sorte.
Nunca mérito.

Dizemos mal por passatempo.
Não fazemos criticas construtivas, maldizemos. É mau porque é mau, mas no fim batemos palmas educadamente.
Nos velhos tempos Salazarianos, se não nascessemos latifundiários ou de boas famílas, estávamos condenados a uma vida de trabalhos. A nossa liberdade de expressão não ía muito longe. Mas já não há razão para que assim seja. E se ainda o é, a culpa é nossa.

Nas sociedades que tantos admiramos a cultura do mérito é uma constante.
As escolas têm um quadro de honra onde são exibidos os melhores alunos. Nos programas de Tv é frequentemente consagrado e reconhecido socialmente quem alcançou grandes feitos. Sejam eles de carácter desportivo, social ou empresarial. Os casos de sucesso são vistos como um bom exemplo a ser seguido e não alvo da pequena crítica generalizada.

Mas quando algum Português tem sucesso noutro local que não a santa terrinha, aí é o extremo oposto.
Entre muitos, um bom exemplo é o de José Mourinho. Enquanto por cá trabalhou foi preciso ganhar tudo para lhe reconhecerem qualidades. Agora que se encontra lá fora é alvo de toda admiração. No entanto os ingleses não deixam de lhe reconhecer os méritos por fazer bem o seu papel. Com muita critica pelo meio, mas também com muito reconhecimento.

Actualmente temos liberdade para, com mais ou menos dificuldade, alcançar o sucesso desde que tenhamos capacidade. E se alguém porventura chegar à ribalta sem o merecer, não ficará por lá muito tempo.
Acho que começa a ser altura de falar bem de quem merece: Todos nós.
Só que alguns mais que outros.

Thursday, November 03, 2005

Ex Citado

"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema"
de Pablo Picasso


"Não há factos, apenas interpretações"
de Friedrich Nietzsche

Wednesday, November 02, 2005

Belle du jour - Lounge



de unknown