Encontrei os seguintes textos no site
Tracks, que por sua vez os encontrou no site da revista
Design Gráfico. David Carson foi um dos Designer mais revolucionários dos últimos anos. Sendo formado em Sociologia e surfista professional, a sua abordagem pioneira ao design, particularmente à tipografia alterou os os fundamentos em que até aí se baseava o Design e a Comunicação Gráfica.
"Em 1983, com idéias fervilhando na cabeça, unidas ao objetivo de causar impacto fizeram David Carson optar pela revista
“Transworld Skateboarding” para trabalhar como diretor de arte.
Em suas páginas, a revista trouxe experimentações em layout e tipografia que quase dissociavam o conteúdo editorial do projeto gráfico, tamanho o caos que reinava nas edições. Matérias poderiam começar na primeira capa, serpentear ao longo de toda a revista, para terminar na quarta capa.
Após a experiência da “Transworld” e de ter participado de outros projetos de menor porte, em 1990 chefiou o desenvolvimento das páginas da revista de comportamento e música “Beach Culture”. Considerada o ápice criativo de Carson, a revista foi extinta em sua sexta edição, recebendo mais de 150 prêmios de design gráfico no mundo inteiro. Em 91 trabalhou na Surfer Magazine. O estilo directo e inovador das suas capas eram um contrates com o que se produzia na altura. Aí começou a associar-se o nome de Carson com a sua forma única do uso da tipografia, usada numa directa relação com o conteúdo dos textos. O estrondoso sucesso da “Beach Culture” fez com que o designer privilegiasse a não imposição de qualquer tipo de grid, além da liberdade de criação: foi aí que Marvin Scott Jarrel cruzou seu caminho e, juntos, conceberam o que se tornaria a hecatombe do design em escala comercial. A
“RayGun” trazia, em seu miolo de conteúdo musical, uma das máximas de Carson na execução de seu trabalho: “A intuição é instrumento da invenção”.
David Carson conta que, enquanto trabalhava na revista, não imaginava que mudaria as concepções de design gráfico em tão larga escala. “Nunca pensei nisso ou percebi algo do tipo. O processo de criação era tão rápido e me absorvia tanto que eu só pensava em fazê-lo aproveitando o máximo, experimentando, me divertindo”.
Uma das derivações desse ciclo de produção foi uma empresa de fontes para atender à demanda tipográfica das páginas da “RayGun”, a
Garage Fonts, que hoje exerce atividades independentes da revista, da qual o designer se desligou em 96.
A essa altura, o californiano já havia adquirido status de estrela no mundo do design gráfico, assim como seus contemporâneos Neville Brody, Rudy Vanderlans etc. Assim, foi naturalmente alçado de porta-voz da cultura underground para o mundo corporativo. Caciques do mundo capitalista como Coca-Cola, Nike, AmEx, Citibank, etc, tiveram reformuladas por ele suas identidades visuais, publicidade impressa e comerciais.
Em seus trabalhos para empresas ou nas páginas de revistas como a porto-riquenha “Surf in Rico” e a brasileira
“Trip”, Carson recorre a um mosaico de inspiração que inclui música, grafite, pichações, a vida praiana e suas inúmeras viagens. “Para ser bom designer, no entanto, não é necessário rodar o mundo, mas ter no mínimo variadas experiências de vida”.
A referência ao sortimento de situações pelas quais já passou é marcante em seu trabalho. Além das viagens, que oferecem “o prazer de conhecer novas culturas e de estar em contato com climas propícios à criação” a prática do surf e sua energia são drenadas para seu design. Como auxiliar na composição de idéias, uma câmera digital o acompanha em todos os lugares, onde registra o banal, o curioso, o mórbido, o engraçado. Por vezes, nem entende a razão do clique. “Mas depois, quando vejo uma foto aparentemente mal resolvida e inútil, enxergo soluções para trabalhos muito mais eficazes do que se fossem feitos com uma foto ‘planejada’."
in Design Gráfico